sábado, 12 de julho de 2008

Manga válida (12/07/08) - último dia

Acabou mais um Campeonato Europeu de Parapente. Com a equipa portuguesa a aumentar o rendimento de dia para dia, o resultado final (o 6º lugar que está no site oficial pode não estar correcto) acabou por ser demonstrativo do excelente desempenho dos pilotos nacionais.

A última manga, de cerca de 50 quilómetros num percurso sempre na área de Niska Banja, com a meta nessa localidade voltou a correr bastante bem a Portugal. Todos os elementos chegaram à meta numa verdadeira prova de velocidade em que cruzaram a linha de tempo mais de 120 pilotos. Os três que pontuavam para a EP conseguiram classificar-se nos vinte primeiros, sendo que o Américo Sousa fez o 6º tempo, não conseguindo no entanto validar esse mesmo tempo por poucos metros, passando assim para a 19ª posição.

A França foi a grande vencedora deste europeu. Com o ouro na categoria individual (Greg Blondeu) e por equipas conseguiu superar a Suíça, grande candidata ao título. A Itália alcançou o terceiro lugar.

Portugal conseguiu assim a melhor classificação numa prova de categoria FAI I de sempre, um 7º ou 6º lugar (a posição final da Rep. Checa é ainda uma incógnita), ficando à frente de equipas como Áustria, Grã-Bretanha e, no caso de se confirmar o 6º lugar, da República Checa. Depois deste excelente resultado, os pilotos vão continuar a trabalhar para representar Portugal no estrangeiro. O Campeonato do Mundo, no México, está cada vez mais próximo e a motivação da EP é cada vez maior.

A Equipa de Portugal queria ainda agradecer a todos os que enviaram comentários de apoio, comentários esses que eram lidos todos os dias com grande prazer. Fizeram com que os pilotos se sentissem em casa, o que aumentou muito a sua confiança. A continuar assim, um dos lugares do pódio vai ser nosso no México.



sexta-feira, 11 de julho de 2008

Manga válida (11/07/08)

Hoje correu bem. Hoje correu muito bem. Mas, por momentos, pensámos que se ia passar a mesma coisa que se passou nos últimos dias. Subimos à mesma hora para a descolagem. As previsões indicavam vento fraco de Norte, mas havia uma possibilidade de os ciclos térmicos se sobreporem ao vento meteorológico. Então, como a descolagem virada a Sul é mais espaçosa, a organização decidiu levar para lá os pilotos. Mas a decisão não foi a mais acertada. O vento realmente entrava algumas vezes de frente. Mas também entrava de costas; às vezes, nas duas direcções ao mesmo tempo, e o resultado eram dust devils. Mudámos então para a “Fakir”. Os pilotos começaram logo a pensar que o mesmo que se tinha passado nos outros dias se ia passar hoje: andamos de uma descolagem para a outra e acaba por não se voar.

Mas desta vez não foi assim. Ao chegar à “Fakir”, a manga definida no briefing realizado ainda na descolagem Sul manteve-se. O percurso seria de 64 quilómetros, duas balizas e teria a meta perto de Vlasotince, a Sul de Nis. O sistema de múltiplos starts seria usado novamente, com intervalos de 15 minutos entre cada. Apesar da fraca intensidade, o vento entrava de frente já há alguns minutos. O céu, com bastantes cumulus na zona da descolagem, deixava os pilotos com a esperança de um bom dia de voo. Saíram os wind dummies, a térmica já existia, abriu-se a janela. Os primeiros pilotos a descolarem, onde se encontravam o Américo Sousa e o Cláudio Virgílio, conseguiram sair num ciclo bom e subiram logo até à base da nuvem. Depois houve uma altura mais “morta”, que foi quando saíram o Cristiano Pereira e Paulo Nunes; demoraram bastante mais tempo que os restantes pilotos, mas eventualmente conseguiram subir. O Nuno Virgílio, que descolou um pouco depois, conseguiu, juntamente com mais quatro pilotos, ir logo para o tecto.

Pouco antes da 2ª baliza, o Nuno já tinha alcançado o grupo da frente, recuperando assim 15 minutos, tendo em conta que tinha saído um start depois desse grupo. Conseguiu ultrapassar muitos pilotos, que aí se encontravam, na transição final e ficou em 3º lugar na manga, subindo assim cerca de vinte lugares na classificação geral. O Cláudio e o Américo chegaram logo a seguir, conseguindo assim fazer uma excelente pontuação para a equipa. O Cristiano e o Paulo, que tiveram bastante azar no ciclo em que descolaram, fizeram grande parte do voo sozinhos, num dia bastante complicado, tendo em conta que a zona da descolagem era a única que tinha nuvens, térmica era lá mais forte e o tecto mais alto. Ainda assim, conseguiram ficar a apenas três quilómetros do golo, um grande resultado naquelas condições.

Em relação aos resultados finais, Portugal conseguiu o primeiro lugar nesta manga, com 2427 pontos, passando assim para o 7º lugar da geral, seguido da França (2408 pontos), que conseguiu superar a Suíça e alcançar assim o primeiro lugar na classificação geral. Neste momento, e com uma manga possível pela frente, estamos a cerca de 200 pontos da República Checa e a cerca de 500 da Eslovénia. As previsões são bastante boas e os pilotos estão mais motivados que nunca. Continuar a voar assim é suficiente para que mais algumas equipas fiquem para trás. Amanhã é o último dia de prova e vamos de certeza acabar o europeu em grande. Hoje foi um dia bom. Amanhã vai ser excelente.


Resultados geral

Américo Sousa – 23º

Cláudio Virgílio – 25º

Nuno Virgílio – 73º

Paulo Nunes – 90º

Cristiano Pereira – 92º

__________________

Portugal – 7º

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Manga cancelada (10/07/08)



Hoje parecia que ia ser diferente. As previsões eram boas: tecto aos 2600 metros, com alguns cúmulus, o vento era fraco de manhã e aumentava durante a tarde, mas sem ficar muito forte. A vontade de voar, depois dos últimos dias, era muita. Subimos para a descolagem um pouco mais tarde, visto que o dia se iria atrasar um pouco devido à fraca intensidade do vento.

Quando chegámos à “Fakir”, as coisas pareciam mesmo encaminhadas. Todos os pilotos já lá estavam, o director de prova reuniu-se com o comité de pilotos pouco depois para definir a manga e por volta das 11 da manhã tinha lugar o primeiro briefing. A manga seria composta por quatro balizas, com algumas pernas com vento de lado, e as restantes com vento de costas. Como as condições eram boas, a organização preparou um percurso mais complexo, sem, no entanto, usar transições contra-vento. Seria usado um sistema de múltiplos starts, processo já habitual naquela descolagem devido ao pouco espaço que tem.

Depois de os wind dummies terem começado a subir, definiu-se a abertura da janela para as 13:30. O primeiro start seria às 14 horas e a partir daí, durante três horas, haveria starts de 20 em 20 minutos. Os pilotos foram descolando por ordem da classificação geral neste campeonato. As primeiras térmicas estavam bastante desorganizadas e com alguma deriva, mas quando se conseguia subir mais um pouco, já não era tão complicado. O Américo Sousa e o Cláudio Virgílio saíram com o grupo da frente e os restantes elementos esperaram um pouco mais para conseguirem estar bem posicionados quando começassem a corrida.

Estava tudo a correr bem até aqui. De repente, ouve-se no rádio: “The task is cancelled due to strong wind in turnpoint two”. A informação dada pelo Xavier Murillo foi retransmitida aos pilotos, que aterraram imediatamente. Por esta altura, o Américo e o Cláudio estavam a cerca de três quilómetros da segunda baliza, muito bem posicionados no grupo da frente. Os restantes pilotos, tendo começado a prova mais tarde, estavam também bem posicionados.

Na opinião do Américo e do Cláudio, a manga não devia ter sido cancelada. Mais ainda, ninguém estava à espera de tal decisão: “Há aquelas mangas que são duvidosas, em que uma pessoa voa sempre à espera que seja cancelada, e adequa a estratégia a tal decisão. Mas hoje não, hoje estava tudo a correr muito bem e as condições não justificavam o cancelamento”. O vento estava de acordo com as previsões, não mais forte que nos dias em que se realizaram mangas válidas.

Da equipa portuguesa e da alemã, ninguém percebe o porquê do cancelamento da manga. As previsões para amanhã parecem bastante boas. Ainda há duas mangas possíveis e possibilidade de subir alguns lugares na classificação.Se a meteorologia deixar, a vontade de voar não falta.


quarta-feira, 9 de julho de 2008

Dia cancelado (09/07/08)

Dia de voo cancelado devido ao vento forte. Ainda se subiu para a descolagem, mas as previsões não falharam.

terça-feira, 8 de julho de 2008

3ª manga válida (08/07/08)



Mais uma vez, fomos cedo para a descolagem Sul. O dia parecia bastante bom e, à medida que íamos subindo, as esperanças de se fazer uma boa manga iam aumentando. Quando chegámos, o número de pilotos que lá estavam era ainda bastante baixo e as respectivas asas estavam praticamente todas no saco. Com a experiência dos últimos dias, ninguém se queria precipitar.

E ainda bem que assim o fizeram. Depois de um primeiro briefing nessa descolagem, o director de prova decidiu que, com a direcção de vento que havia naquele momento, a descolagem “Fakir” (N/NW) seria a mais indicada. Os pilotos pegaram então no seu equipamento e deslocaram-se para a outra descolagem. O tempo passava e alguns pilotos começavam a comparar aquela situação com outras semelhantes que se tinham passado nos últimos dias de voo e em que o resultado final tinha sido não voar.

Mais um briefing e outra decisão que deixou alguns pilotos mais impacientes: iríamos novamente para a descolagem Sul. Segundo Xavier Murillo, membros da organização tinham estado a analisar as condições nessa descolagem e seria mesmo a melhor opção. A partir daí, tudo se passou com grande dinamismo. O briefing final, onde se definiram horários, não demorou muito a acontecer (era 12:45); foi ainda anunciado que a abertura da janela seria às 13 horas. Ninguém perdeu tempo.

Quando se começou a descolar, o tecto estava bastante baixo e a térmica era muito fraca. Os quase 150 pilotos juntaram-se todos num espaço bastante limitado. No entanto, tanto pilotos, como “espectadores”, ficaram deslumbrados com a imagem de mais de cem a asas a subir na mesma térmica.

A frente prevista para o meio da tarde começava a ver-se ao longe. As nuvens altas começam a tapar o céu e o dia ia “morrendo” aos poucos. Alguns pilotos foram ainda apanhados nessa sombra; para além disso, por questões de segurança, o director de prova decidiu terminar a manga antes da dead line. Com esta decisão, vários pilotos que chegaram à meta não pontuaram como tal. Dos portugueses, chegou o Cristiano, o Cláudio e o Américo que ficaram a meio da tabela, conseguindo ainda assim manter o 10º lugar na classificação geral por equipas e reduzir a diferença de pontos para as equipas que se encontram até ao 5º lugar.

Com as previsões para amanhã, pensamos que não será um dia voável. No entanto, os dias seguintes parecem bastante promissores, havendo ainda possibilidades para três mangas válidas até ao fim da prova. Se assim for, a hipótese de a Equipa de Portugal conseguir um bom lugar neste campeonato é bastante grande.

Resultados Geral (depois da 3ª manga válida):

Américo Sousa – 32º

Cláudio Virgílio – 38º

Paulo Nunes – 81º

Cristiano Pereira – 82º

Nuno Virgílio – 97º

________

Portugal – 10º



segunda-feira, 7 de julho de 2008

Mais outro dia no chão (07/07/08)

Começa a tornar-se num hábito. A subida para a descolagem, a espera pelos variados briefings, as condições meteorológicas a não deixarem alternativas à organização e, por fim, o cancelamento do dia de voo ou da manga. Hoje não foi diferente.

Dos vários wind dummies que descolaram, uns com mais facilidade, outros nem tanto, devido ao vento forte que se fazia sentir, nenhum conseguiu ganhar altitude suficiente em relação à descolagem para que a organização considerasse seguro abrir a janela. No entanto, isso não impediu muitos dos pilotos que lá estavam de fazer o chamado “voo higiénico”.

Todos os que se empenharam para que este campeonato fosse possível parecem estar a perder algum ânimo. Numa semana validaram-se duas mangas; no entanto, só num dos dias não se subiu para a descolagem de manhã cedo. Todo este ambiente sem o factor voo cansa muito os pilotos que, apesar de tudo, têm conseguido manter-se concentrados e conscientes de que a qualquer momento terão que se empenhar ao máximo.

O dia de amanhã parece, segundo as previsões, bastante melhor. Com a evolução que conseguimos de uma manga para a outra (14º para 10º) e com a diferença de pontos que existe entre o 10º e o 4º lugar na classificação por equipas (menos de 500 pontos), tudo é possível. Neste momento, só queremos bons dias para voar.

domingo, 6 de julho de 2008

2ª manga válida (06/07/08)


A previsão de vento forte para hoje criava alguma desconfiança nos pilotos. Ao chegar à descolagem, pouco antes das 11 da manhã, as mangas de vento confirmavam essa desconfiança. Praticamente ninguém abriu os sacos. O primeiro briefing, que teve lugar às 11:30, não deu certezas nenhumas. A manga definida tinha 57 quilómetros e era uma corrida directa da descolagem para a meta, que se ficava poucos quilómetros depois da cidade de Pirot. A hora de abertura da janela e do start estava dependente da evolução das condições meteorológicas, principalmente no que dizia respeito à intensidade do vento.

Depois disto só nos restava esperar. Por esta altura, todos os argumentos eram bons para descontrair. A equipa francesa tinha comprado bisnagas no dia anterior. O resultado foi uma descolagem completamente em “guerra”, mas muito animada. O stress pré-descolagem foi esquecido por momentos. Por volta do meio-dia e meia, sai o único wind dummie do dia. Não era, no entanto, um qualquer. O Jean Marc Caron descolou para testar as condições de voo. Apesar de parecer, pelo seu voo, que o vento estava ainda bastante forte, foi o suficiente para que a janela fosse aberta. Eram 14:30 quando isso aconteceu.

O sistema de múltiplos starts permitiu aos pilotos descolarem com mais tranquilidade. Apesar disso, foram muito poucos os que saíram primeiro num grupo mais isolado. A maioria preferiu esperar pelos restantes pilotos para que saíssem todos juntos e, deste modo, garantissem com mais certezas a chegada à meta. O único piloto português que não chegou à meta partiu na frente do grupo. No entanto, como esta não era muito consistente e andava sistematicamente mais baixo, acabou por pagar mais caro.

Segundo resultados ainda provisórios e contas feitas por nós (a organização ainda não lançou os resultados por equipas), Portugal conseguiu o 3º lugar nesta manga, logo atrás da Eslovénia e da Suíça. A manga foi ganha pelo dinamarquês Mads Syndergard que, no entanto, foi mais lento que dois dos pilotos a pontuar para a equipa portuguesa. Aqui, o facto de ter saído um start à frente da maioria dos pilotos beneficiou-o devido aos pontos de liderança. Deste modo, e só a título de exemplo, o 3º classificado, o suíço Stephan Morghentaler fez um tempo quase cinco minutos inferior a Syndergard.

Américo Sousa – 12º (788)

Cláudio Virgílio – 18º (769)

Nuno Virgílio – 26º (754)

Paulo Nunes – 74º (602)

Cristiano Pereira – 105º (267)

sábado, 5 de julho de 2008

Mais um dia cancelado (05/07/08)

Apesar das previsões pouco animadoras, ficou decidido no briefing matinal que hoje se iria subir para a descolagem. Eram 9 da manhã e estávamos todos prontos para sair de casa. As nuvens estavam muito baixo e havia muita humidade no ar; havia ainda o problema do vento forte que se poderia sentir durante todo o dia. Ao chegar à descolagem virada a N/NW, apercebemo-nos de que todos os pilotos estavam a ficar ali. Saímos também.

As asas, espalhadas pela descolagem, ainda dentro do saco, davam a entender a pouca vontade de voar de muitos dos pilotos presentes. Afinal, a base das nuvens estava pouco acima da descolagem. Esperou-se então pelo briefing. Quando a organização decidiu chamar os pilotos, tinha já uma manga definida, ainda que provisória. Apenas com uma baliza, o objectivo era fazer uma manga rápida e curta, a fim de tentar evitar os desenvolvimentos que poderiam surgir durante a tarde. No entanto, nenhum horário de abertura da janela tinha sido definido; quase nenhum piloto acreditava já que isso fosse acontecer.

Passados alguns minutos, Xavier Murillo chamou novamente os pilotos: confirmava-se, o dia ia ser cancelado. As previsões de trovoada no percurso previsto para a manga forçaram, mais uma vez, ao cancelamento do dia. Como o tecto continuava muito baixo e as condições bastante fracas, devido à humidade que se verificava, alguns pilotos fizeram um voo directo para a aterragem e outros decidiram descer de carro.

Eram três da tarde e decidimos ir até Belgrado, que fica a pouco mais de 200 quilómetros do sítio onde estamos a ficar. Eram mais ou menos 17h quando lá chegámos. Estacionámos a carrinha e fomos passear um pouco pelo centro. Não podíamos ficar muito tempo, pois amanhã é dia de voo (finalmente, com boas previsões) e a viagem ainda era longa. Jantámos e viemos embora.


De regresso a Niska Banja, passámos pelo secretariado para saber se havia novidades. O protesto sobre a manga de há dois dias tinha sido recusado pelo júri de prova. A manga continua a ser, deste modo, válida. As previsões para amanhã são bastante animadoras. A equipa tem então oportunidade de corrigir a prestação menos boa da primeira manga válida e subir alguns lugares na classificação.



sexta-feira, 4 de julho de 2008

Dia de voo cancelado (04/07/08)

A reunião dos team leaders foi às 8:30, hora habitual. Eram 9 e ainda não tínhamos notícias. Enquanto esperávamos por informações sobre a que horas iríamos subir para a descolagem, vimos a equipa da Suíça a entrar para dentro da carrinha sem asas e com toalhas ao ombro. Aí percebemos, não iria haver manga. Quando o Fernando Amaral chegou, confirmou aquilo de que já todos desconfiávamos. A entrada de uma frente e a possibilidade de ocorrência de trovoadas impossibilitava à partida a realização de uma manga, não se tendo subido sequer para a descolagem.

Nesse briefing matinal tinha estado a ser discutida a justiça (ou falta dela) na manga do dia anterior, na sequência de uma reclamação apresentada pela equipa da Suécia, não aceite pelo director de prova. Nesta reclamação, afirmou-se que, devido à falta de organização no momento da descolagem, muitos pilotos teriam sido prejudicados, perdendo logo à partida boas oportunidades de ficar bem posicionados na classificação. Várias equipas demonstraram o seu apoio, subscrevendo um protesto dirigido ao júri de competição, que vai ponderar a anulação ou não da respectiva manga.

O dia seria, portanto, de turismo. Decidimos ir conhecer melhor Nis, a segunda maior cidade sérvia, e que fica a cerca de 10 quilómetros de Niska Banja. Tentámos visitar um campo de concentração da 2ª Guerra Mundial, mas só conseguimos encontrar um monumento construído em homenagem àqueles que foram executados durante esse período. Decidimos então estacionar a carrinha e andar um pouco a pé no centro da cidade. Depois de visitar o castelo e termos que nos abrigar num café de um aguaceiro que veio acompanhado de trovoada, fomos procurar um local para jantar. Encontrámos um restaurante italiano, já ocupado pela equipa norueguesa e pela alemã, onde comemos umas pizzas e um fondue de chocolate, oferta da casa, para sobremesa.


Quando a chuva abrandou um pouco, voltámos para casa. As previsões para amanhã voltam a não ser muito animadoras. Mas previsões são apenas previsões e só de manhã poderemos saber se o dia irá ser cancelado como hoje, ou se a organização vai tentar definir uma manga.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

1ª manga válida (03/07/08)


Hoje finalmente competiu-se. A subida para a descolagem fez-se realmente mais cedo. Por volta das 10 da manhã, já eram muitos os pilotos que lá estavam. Mas ainda não se sabia de que descolagem se ia sair. O vento fraco de N/NW que se fazia sentir na altura, deixava com que alguns ciclos térmicos entrassem de frente na descolagem Sul. A organização não sabia ainda para onde levar os pilotos. Vários balões com hélio foram largados dessa descolagem para tentar perceber a direcção e intensidade do vento em altitude. Este não parecia ser muito forte, o que deu ânimo a todos os que já tinham preparado aí o equipamento.

O primeiro briefing teve lugar pouco antes do meio-dia. A manga foi definida (muito semelhante à do dia de ontem) e alguns conselhos foram dados aos pilotos. Quando terminou, o vento entrava de costas há já 25 minutos. Com esta situação pela frente, a decisão de mudar para a descolagem NW teve que ser tomada. Os pilotos pegaram imediatamente nas suas asas e dirigiram-se para a outra descolagem. Novo briefing foi feito. Com um estilo de manga elapsed time, significava que os pilotos tinham todo o tempo que quisessem, dentro da janela de descolagem, para irem para o ar e começarem a manga. Seria um contra-relógio individual. Como esta descolagem é bastante mais pequena que a outra, os pilotos eram chamados a descolar por ordem de ranking FAI, não tendo assim grande opção de escolha do momento de sair.

Mas também aqui o vento começou a fraquejar e a entrar, por vezes, de costas. A quantidade de descolagens falhadas foi enorme. Ainda assim, com uma janela aberta durante três horas, todos os pilotos tiveram tempo de descolar, alguns mais que uma vez. O Nuno e o Cláudio foram dois desses pilotos. Como já referi anteriormente, hoje não houve tempo para escolher o ciclo para sair e eles tiveram azar. Quando descolaram não havia qualquer térmica; com eles, foram mais quinze pilotos para o chão.

No entanto, depois de descolarem segunda vez, agarraram a térmica e não a largaram mais. O Cristiano juntou-se a eles e saíram os três juntos para a primeira baliza. Entretanto, já o Paulo Nunes e o Américo Sousa tinham começado a manga. Infelizmente, a qualidade do dia de voo piorou bastante. A térmica era bastante fraca, com uma inversão por volta dos 1300 metros, o que os impedia de garantirem as transições com mais segurança. Outro obstáculo ao voo foi o facto de, tal como na manga anterior, existir uma perna contra-vento.

O resultado foi apenas dois pilotos na meta: o francês Greg Blondeau ganhou a manga e o Jeremie Lager ficou em 2º lugar. Apesar de o primeiro piloto não pontuar para a equipa gaulesa, este país teve um bom resultado (3º lugar na geral) nesta manga. A Itália conseguiu o 2º lugar e a Suíça encontra-se neste momento a liderar a prova. Portugal conseguiu, apesar das dificuldades, o 14º lugar em 29 equipas. É de salientar que a diferença de pontos entre o 5º e o 15º lugar é pouco significativa, o que significa que uma recuperação é perfeitamente viável. Foi só o primeiro dia e, como se costuma dizer, a primeira é para os pardais.

Os resultados são ainda provisórios, visto que há dados relativos a alguns pilotos que ainda não foram processados. Amanhã ficarão aqui disponíveis os resultados definitivos de cada piloto, bem como as suas pontuações.


Paulo Nunes – 49º

Américo Sousa – 59º

Cláudio Virgílio – 61º

Nuno Virgílio – 79º

Cristiano Pereira – 90º



Suiça – 1º

Itália – 2º

França – 3º

...

Portugal – 14º

quarta-feira, 2 de julho de 2008

2º dia de competição, 1ª manga cancelada (02/07/08)

Ainda não foi desta que a competição arrancou. Segundo dia de prova, segundo dia cancelado, desta vez com a janela já aberta.

O dia começou igual aos outros; a importância das rotinas é enorme num ambiente de competição e a equipa de Portugal sabe disso. Depois de o Fernando Amaral chegar do briefing matinal destinado aos team leaders, subimos para a descolagem virada a Sul. Ainda não eram 11 da manhã quando lá chegámos. Havia já alguns pilotos a prepararem o equipamento, mas o espaço era ainda muito, pelo que foi possível aos pilotos portugueses escolherem o local onde colocar a asa. A partir daí foi esperar pelo briefing.

Os últimos carros a chegar foram os da organização, e nessa altura já havia algumas térmicas. Nesse intervalo de espera foi possível à equipa técnica ter uma pequena conversa com os pilotos, antes de os mesmos iniciarem o processo de concentração. Por volta do meio-dia, Xavier Murillo chama os pilotos para o briefing. A manga iria ser um percurso com pouco mais de 70 quilómetros e duas pernas contra-vento, uma delas no final da manga. Com o vento a aumentar para os 5 ou 6 m/s para o final da tarde, a transição final para a meta iria ser um pouco complicada. Ter-se-ia que ganhar bastante altura na penúltima baliza e depois fazer as transições para a última baliza e para a meta sem ganhar mais altura.

Os primeiros wind dummies saíram. Nessa altura, a térmica estava bastante fraca e o vento entrava de lado, por vezes de costas. Ainda assim, havia de vez em quando uns ciclos de frente que permitiam aos pilotos saírem. Quando a janela abriu, por volta das 12:30, os pilotos começaram a descolar. Agora o vento já não entrava de frente; a maior parte do tempo era de lado e algumas vezes de costas. Ainda assim, muitos pilotos insistiam em descolar. Depois de um “arborizanço” e várias saídas falhadas, muitos pilotos começaram a protestar: a janela foi suspensa. A organização ainda tentou mudar de descolagem depois de a janela ter sido aberta, mas acabou por alterar a decisão. O vento acabou por não entrar de frente e, a 30 minutos do start, a manga foi cancelada.

No entanto, a maior parte dos pilotos não perdeu tempo. Pegaram nas asas e foram para a outra descolagem, virada a W/NW. As condições de voo estavam aparentemente boas e havia a possibilidade de fazer mais um voo de treino antes do início das mangas pontuáveis. Muitos dos pilotos que descolaram aproveitaram a manga definida pela organização e retiraram-lhe uma das pernas contra-vento; o voo seria assim bastante mais tranquilo e a chegada à meta seria mais acessível. O Cláudio e o Nuno chegaram no grupo da frente, o Américo e o Cristiano não conseguiram completar a manga e o Paulo Nunes não descolou.

De forma a corrigir alguns dos problemas que têm surgido nos últimos dias, a subida para a descolagem amanhã, nos carros da organização, vai ser por volta das 9 da manhã. Deste modo, a realização de uma manga será bastante mais provável.



Para terminar, a Equipa de Portugal gostaria de agradecer todos os comentários de apoio que têm deixado no blog e que lemos todos os dias. Obrigado por nos fazerem sentir em casa!

terça-feira, 1 de julho de 2008

1º dia de competição - cancelado (01/07/08)

A meteorologia não ajudou no primeiro dia do Campeonato Europeu de Parapente. Há alguns dias que as previsões indicavam a possibilidade de trovoadas para hoje. Apesar disso, a subida para a descolagem fez-se por volta das 11 da manhã. Já lá estavam bastantes pilotos, com o equipamento praticamente pronto para voar.

Também os pilotos portugueses se apressaram a preparar o equipamento. Apesar das dúvidas que tinham praticamente todos os que lá estavam sobre a potencialidade do dia, não se podia perder tempo. A qualquer momento a janela poderia abrir e assim já ninguém era apanhado de surpresa. Depois disto, reunimo-nos todos à espera de mais informações por parte do director de prova.

Enquanto esperávamos, as nuvens começaram a desenvolver-se, começando a ser possível ver alguns congestus por cima da descolagem. Por volta da uma da tarde, Xavier Murillo, o responsável pelo briefing, chama os pilotos. Foi feita uma homenagem a Dimitri Maslenikow, o piloto russo que perdeu a vida na última prova da PWC, em Castejón de Sos. Foram ainda dadas algumas informações aos pilotos sobre o modo como iria decorrer a prova. Ao perguntar se havia alguma questão, um trovão ressoou ao fundo. Ao ouvir isto, Murillo não teve qualquer dúvida: o dia de voo estava cancelado.

Os pilotos arrumaram então as asas e regressaram a Niska Banja. A tarde ia ser de descanso. As previsões para o dia de amanhã parecem bastante mais animadoras. Se tudo correr, como se espera, a 1ª manga do Campeonato da Europa de Parapente 2008 será disputada dentro de apenas algumas horas.